Desde 2022, grandes empresas já despediram milhares, e a tendência aponta para um futuro com alto impacto da IA no mercado de trabalho.
O diretor-executivo da Amazon, Andy Jassy, sinalizou novos cortes de funcionários à medida que a inteligência artificial assume tarefas antes realizadas por humanos . Ao mesmo tempo, a Anthropic, com a CEO Daniela Amodei, alertou que sistemas de IA podem suprimir até metade das vagas de nível inicial nos próximos anos .
Redução de pessoal nas grandes corporações
Desde 2022, empresas de capital aberto nos EUA cortaram cerca de 3,5% do quadro presencial, e um em cada cinco integrantes do índice S&P 500 reduziram sua força de trabalho .
Microsoft, HP, Procter & Gamble e Shopify são exemplos que já reduziram equipes, e a Shopify até condicionou novas contratações ao impedimento da IA em substituí-las .
O Duolingo, por sua vez, planeja substituir terceirizados por soluções automatizadas .
O impacto global: desemprego e novas oportunidades
Dados da OCDE apontam que cerca de 25% dos empregos globais poderiam ser afetados pela IA . Já o Fórum Econômico Mundial indica que até 2030 a IA pode eliminar 92 milhões de postos, mas também gerar 170 milhões de novas vagas.
O FMI estimou que o impacto será mais forte em países desenvolvidos (60% dos empregos afetados), seguido por emergentes (40%) e de baixa renda (26%), com os ganhos de produtividade sendo menores nas regiões mais pobres.
Quem está em risco e quem está seguro
Profissões baseadas em coleta de informações e tarefas repetitivas, como programação, contabilidade, trabalho administrativo e inserção de dados, são as mais vulneráveis à automação . Por outro lado, ocupações que envolvem trabalho manual pesado ou habilidades humanas, como por exemplo construção civil, cuidados a crianças, enfermagem, bombeiros, policiais.
Debate sobre riscos e oportunidades
O Papa Leão XIV expressou preocupações acerca da dignidade e do sustento humano em meio à automação . Já o economista Enzo Weber, do IAB na Alemanha, acredita que a IA transformará, em vez de eliminar o emprego, empoderando os trabalhadores a assumir novas funções.
Pesquisadores de Harvard, como David Deming, Christopher Ong e Lawrence H. Summers, reforçam que automatizar tarefas laboriosas pode aumentar a produtividade de forma que compense as perdas de empregos . No entanto, tanto o FMI quanto especialistas alertam que o impacto da IA deve se estender por décadas.
O que vem pela frente?
Tudo dependerá da integração da IA nos ambientes de trabalho e da capacidade de funcionários e empresas de se adaptarem. Evitar o uso da tecnologia por medo pode comprometer ganhos de produtividade. Weber defende que é essencial investir em desenvolvimento profissional e treinamento ativo para aproveitar ao máximo as oportunidades proporcionadas pela IA.
Resumo final: A IA deve redesenhar o cenário do trabalho nas próximas décadas, eliminando milhões de vagas, mas também criando novas funções. A chave está em como sociedade, empresas e trabalhadores irão responder, se com medo ou com preparação para o novo panorama.
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