O Peso da Polarização

Como uma Campanha da Havaianas Impactou as Ações da Alpargatas na B3

O mercado financeiro brasileiro iniciou a semana atento a um desdobramento incomum: o impacto de uma peça publicitária no valor de mercado de uma das maiores gigantes do setor de calçados do país. As ações preferenciais da Alpargatas (ALPA4), detentora da marca Havaianas, registraram queda de cerca de 3% na B3 nesta segunda-feira (22), sendo negociadas na casa dos R$ 11,36. O recuo ocorre em meio a uma forte polêmica política e pedidos de boicote que tomaram as redes sociais.

O Gatilho da Crise: 2026 e o "Pé Direito"

O centro da controvérsia é um comercial de fim de ano estrelado pela atriz Fernanda Torres. No vídeo, a atriz utiliza um jogo de palavras com a expressão popular "começar com o pé direito", afirmando que, para 2026, deseja que o público comece o ano com "os dois pés" — uma metáfora para atitude e entrega pessoal. Será?

Entretanto, em um ambiente de extrema polarização, a menção ao ano de 2026 (ano das próximas eleições presidenciais) aliada à negação do termo "direito" foi interpretada por parlamentares e grupos conservadores como uma provocação política implícita. É o que a mídia está dizendo.

Reações e Movimentos de Boicote

A resposta da ala à direita do espectro político foi imediata. O ex-deputado Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo descartando um par de sandálias, afirmando que a campanha possui conotação ideológica. Outras figuras públicas, como os deputados Nikolas Ferreira, Bia Kicis e o ex-ministro Eduardo Pazuello, reforçaram as críticas, sugerindo a substituição da marca por concorrentes. Confesso a vocês que estes dois últimos eu nem sabia que existiam.

Por outro lado, parlamentares da base governista reagiram em defesa da marca e da atriz. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e outros nomes como Rogério Correia (PT-MG) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) manifestaram apoio, associando o consumo do produto à defesa de valores democráticos.

Reflexos Econômicos e Imagem Corporativa

Para além da guerra de narrativas e dos memes que inundaram a internet, a preocupação dos investidores reside na preservação do valor da marca Havaianas, considerada um símbolo nacional e principal ativo de receita da Alpargatas. Agora, por que ainda é considerada um símbolo nacional, eu não sei. A empresa, que tem entre seus principais acionistas a Itaúsa S.A. (29,58%) e a Cambuhy Alpa Holding (23,77%), optou, até o momento, por não se manifestar oficialmente sobre o episódio. Óbvio!! Não vão querer entregar a estratégia.

Este episódio ilustra um desafio crescente para a gestão de grandes corporações no Brasil: como equilibrar campanhas criativas e a escolha de embaixadores de marca sem se tornar alvo da fragmentação ideológica que, como visto neste caso, pode transbordar das redes sociais diretamente para os terminais de negociação da Bolsa de Valores.


Para entender melhor essa dinâmica, podemos pensar na reputação de uma marca como uma âncora de um navio em águas agitadas: quando a comunicação da empresa toca em pontos sensíveis da sociedade, essa âncora pode se soltar, deixando o valor de mercado à mercê das ondas da opinião pública até que a estabilidade seja recuperada.

Como Educador Financeiro, minha sugestão é aproveitar a queda das ações e comprar as ações ALPA4. Seguindo a orientação do maior investidor de todos os tempos, Warren Buffett sobre Valor e Preço: Foque em "mercadorias de qualidade" (empresas) quando estão com "preços reduzidos".

Como uma Campanha da Havaianas Impactou as Ações da Alpargatas na B3

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